
Acossada por uma conjuntura adversa, a candidatura presidencial de Dilma Rousseff passou a travar uma corrida contra o relógio.Nas últimas semanas, a preferida de Lula ganhou feições de um desastre esperando para acontecer. Para tentar evitar a calamidade, desistiu-se de esperar.Antecipam-se para já movimentos que haviam sido programados para o início de 2010. Respira-se na seara governista uma atmosfera de azáfama.Reunida na noite passada, a cúpula do PMDB decidiu inverter o calendário. Em vez de priorizar as alianças nos Estados, optou-se por antecipar o acerto nacional.Ao desembarcar de sua última viagem internacional, nesta quarta (7), Lula receberá um pedido de audiência do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).Autorizado pelos dois grupos do PMDB de Brasília –o da Câmara e o do Senado—, Temer vai a Lula para fazer um pedido com ares de cobrança.Sócio majoritário do consórcio governista, o PMDB exige de Lula que seja acomodada em pratos limpos a aliança do partido com a candidatura de Dilma.Coisa formal, pública e imediata. Passa pela reafirmação de que o posto de vice caberá ao PMDB. Um compromisso que, por ora, só foi assumido de gogó.O PMDB exigirá, de resto, que sejam fixadas desde logo as regras que nortearão os acertos e os desacertos nos Estados.Nada muito complicado. Deseja-se escorar o apoio a Dilma em três escassas premissas:1. Onde for possível, o PMDB apoiará os candidatos do PT aos governos estaduais.2. Noutros Estados, o PT apoiará os candidatos do PMDB.3. Nas províncias em que a conciliação se mostrar impossível, haveria dois palanques pró-Dilma. Lula e a candidata dispensariam tratamento igualitário aos aos dois lados.Estiveram na reunião com Temer os mandachuvas do Senado –José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá......Os figurões figurões da Câmara –Henrique Eduardo Alves e Jader Barbalho— e os ministros do partido –José Gomes Temporão (Saúde)......Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), Edson Lobão (Minas e Energia) e Reinhold Stephanes (Agricultura).Em viagem ao exterior, os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Nelson Jobim (Defesa) mandaram representantes.Não houve vozes dissonantes. Todos referendaram a delegação para que Temer leve a Lula as inquietações do partido.Jantar com o PDT - Simultaneamente à reunião-jantar do PMDB, Dilma Rousseff ofereceu um repasto às bancadas de deputados e senadores do PDT.De novo, uma tentativa de adiantar o calendário. Na estratégia que fora esboçada por Lula, o governo daria primazia ao acerto com o PMDB.Imaginou-se que os sócios minoritários da aliança viriam por gravidade. Sobreveio, porém, a novidade Ciro Gomes.Candidato multiuso do PSB, Ciro escalou as pesquisas. Na última, feita pelo Ibope, aparece ora empatado ora à frente de Dilma.Cortejado por Ciro, o PDT ouviu de Dilma a reiteração de uma tese que Lula defende desde o ano passado: o governo precisa ir às urnas com um candidato único.O ministro Carlos Lupi (Trabalho), presidente licenciado do PDT, ecoou Dilma. Melhor: disse que a candidatura única é personificada pela ministra.O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, foi na mesma direção. Disse que a candidata é Dilma. E ponto.Ponto para a ministra. Lupi e Paulinho vinham sendo apontados como pretensos simpatizantes da alternativa Ciro. Era jogo de cena.O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) não deu as caras no jantar. Dispunha de um álibe. Agendara há tempos o encontro com um executivo da TV Bandeirantes.Cristovam é contra a aliança com Dilma. Defende que o PDT tenha candidato próprio. “Pode ser o Lupi, não eu”. Acha que composição é coisa para o segundo turno.Para sorte de Dilma, Cristovam é voz isolada no partido. O PDT pediu tempo. Mas parece agora inclinar-se para o colo da ministra.O PT de Dilma também decidiu apressar o passo. Constituiu um grupo de trabalho para deitar sobre o papel o programa que Dilma levará aos palanques e à TV.O grupo será coordenado pelo assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia. Será auxiliado por três grão-petistas: Ricardo Berzoini, presidente da legenda......Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula; e Antonio Palocci, deputado e ex-ministro da Fazenda.Espera-se concluir o trabalho até o final do ano, de modo a entrar 2010 com um feixe de idéias que dêem consistência programática a Dilma.O ritmo de toque de caixa em que Dilma se vê envolta contrasta com a letargia da oposição.O tucanato, por ora, apenas gere a disputa entre José Serra e Aécio Neves, os seus dois presidenciáveis.
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