segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobram vagas de emprego, mas falta acessibilidade para deficientes no RN

Aos 16 anos de idade, bailarina do Ballet Municipal de Natal, e aprovada em seu primeiro vestibular, Carmem Lúcia Bernardes começou a sofrer dos sintomas da doença que, seis anos depois, lhe custaria a perda total da visão. Hoje, 27 anos depois, e com diagnóstico de degeneração da retina, a história de Carmem se confunde com as de outros 3,2 milhões de potiguares que têm algum tipo de deficiência física.

Segundo dados da Associação de Deficientes Físicos do Rio Grande do Norte (ADEFERN), o estado é o segundo do país em número de deficientes físicos, perdendo apenas para a Paraíba. A cada 100 pessoas, 17,63 são portadores de deficiência física.

Um dos administradores da ADEFERN, José
Foto: Ricardo Júnior

Odon Abdon, explica que a maior dificuldade para essas pessoas ainda é a acessibilidade urbana. De acordo com ele, atualmente, estão sobrando vagas de emprego para deficientes físicos, mas falta acessibilidade para que essas pessoas possam freqüentar seus ambientes de trabalho.

“Hoje, as pessoas com deficiência são respeitadas pelo que elas representam na sociedade. Pode-se dizer que a gente tem a vaga, e não tem mais quem empregar”, destacou.

A ADEFERN atua há 30 anos na defesa dos direito dos portadores de deficiência, oferecendo cerca de 60 tipos de atendimentos. “Essa é uma entidade ‘de deficientes físicos’ e uma entidade ‘para deficientes físicos’. Porque, pela incompetência e inoperância do poder público, passamos a atuar também nas brechas que ele deixa”, explicou José Odon.

Opinião compartilhada por Carmem Lúcia, que também coordena uma instituição de apoio a deficientes físicos, a Casa de Apoio Ana Kátia Santiago. “Deveria haver um projeto em conjunto para esse trabalho. Nossos governantes têm que ver que já passou o tempo de pensar na sociedade apenas como pessoas normais. É preciso ver também o lado da pessoa com deficiência”, pontuou.

E a iniciativa não deve partir apenas dos administradores público. A sociedade também precisa fazer sua parte na inclusão social de portadores de deficiência física. Para tanto, Carmem chama a atenção para gestos simples que podem fazer a diferença no dia-a-dia dessas pessoas.

“A consciência da população em geral, em termos de ajuda, ao atravessar uma rua, ao subir uma calçada, chegar até uma loja, entrar em um supermercado. Porque, infelizmente, existem algumas rampas, mas são poucas. O passeio público é completamente destruído”, lamenta a ex-bailarina.

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