domingo, 17 de janeiro de 2010

A Via Crucis de Iberê em busca de um nome para vice


O pré-candidato da base governista à sucessão estadual, o vice-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), tem sido pressionado com mais intensidade desde a semana passada para anunciar o quanto antes o nome do seu companheiro de chapa. A cobrança se dá em virtude do avanço das hostes oposicionistas, onde os arranjos já estão praticamente acertados, com a senadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o deputado estadual Robinson Faria (PMN) definidos como candidatos a governador e vice, respectivamente.Nos bastidores políticos, as conversas dão conta de que Iberê vem enfrentando dificuldades para encontrar alguém que aceite o desafio. Alguns chegam a dizer que ele atravessa uma verdadeira Via Crucis em busca do seu vice. Vários nomes já foram cogitados para ocupar a vaga, mas até agora nenhum aceitou encarar a empreitada. Ninguém admite em público, mas, à boca pequena, diz-se o motivo da recusa: não há quem queira arriscar projetos pessoais para embarcar numa candidatura que dá poucos sinais de oxigenação.A governadora Wilma de Faria (PSB), no entanto, nega problemas na formação da chapa governista. Para ela, ainda não está no tempo de escolher o vice – decisão que precisa ser tomada de forma democrática, como enfatizou a chefe do Executivo do RN.“Nunca ouvi falar que alguém tivesse dificuldade de achar um vice se não está no tempo devido, porque o candidato à vice é escolhido na véspera da convenção. Nunca vi vice ser escolhido com antecedência. As articulações estão acontecendo, têm várias opções que estão sendo colocadas. Mas a escolha tem que ser democrática, não pode ser tirada do colete. Você não pode fazer laboratório, tem que ser uma discussão democrática, que é o que nós estamos fazendo”, destacou ela.O fato é que Iberê ainda patina nas pesquisas de intenção de voto até aqui divulgadas. Em nenhuma delas saiu da casa dos 10% da preferência popular. É verdade que o pleito está relativamente distante, mas o fato do vice-governador – a despeito de contar com todo o aparato governamental – não conseguir se mostrar competitivo preocupa bastante os aliados.João Maia não aceita cargo, mas pode indicar o viceO vice dos sonhos de Iberê é o deputado federal João Maia (PR). O republicano até que se mostrou, inicialmente, simpático à ideia. Mas voltou atrás após conversar com o presidente do seu partido, o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, que o convenceu a disputar novamente uma vaga na Câmara. O plano do PR é indicar João Maia para uma cadeira na Esplanada dos Ministérios, em caso de vitória da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na disputa presidencial.Mas ventos vindos do interior do Rio Grande do Norte sopraram a informação de que Iberê outorgou a João Maia a tarefa de apontar o nome do vice. O deputado revelou a um prefeito do Alto Oeste que pensa em indicar o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Marcelo Rosado, para o lugar.O engenheiro civil e presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) Marcelo Rosado sucedeu João Maia na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e deixou o cargo em outubro de 2008, em meio ao estremecimento político entre o parlamentar – a quem é ligado – e a governadora Wilma de Faria (PSB). Filiado ao PR e desfrutando da confiança de João Maia, Marcelo Rosado pode ser a solução para o impasse na definição da chapa governista. O mossoroense pode ajudar a amenizar a força de Rosalba na segunda maior cidade potiguar, onde a senadora ostenta larga vantagem sobre Iberê.Carlos Eduardo é uma alternativaCaso o nome de Marcelo Rosado não vingue, Iberê vai investir no ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), com quem já vem conversando. O pedetista é uma alternativa enxergada com bons olhos pelo vice-governador, porque conta com prestígio na região da Grande Natal, onde Iberê amarga índices menores que os da adversária nas pesquisas de opinião. Mas o problema é que Carlos Eduardo disse reiteradas vezes que será candidato a governador, não a vice. O presidente regional do PDT chegou a declarar em entrevista recente ao Nominuto.com que a única afinidade que mantém com Iberê é o fato de os dois integrarem partidos que compõem a base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Poucos analistas apostam que Carlos Eduardo conseguirá levar sua candidatura adiante. Falta-lhe musculatura política. O ex-prefeito conta com a simpatia de apenas duas legendas: PCdoB e PT. Mas nem nestes dois partidos ele é unanimidade. Enquanto os comunistas demonstram mais empolgação com o projeto do ex-prefeito, as lideranças petistas – contrariando o desejo das bases – sinalizam que vão ficar com o PSB. “É que o PT se acostumou ao poder e não tem coragem de apoiar Carlos Eduardo”, provoca um comunista que prefere não se identificar.Iberê aposta que Carlos Eduardo não conseguirá viabilizar a candidatura ao governo e terminará aderindo ao palanque do PSB. Na hipótese de o ex-prefeito da capital não se lançar ao governo e, ainda assim, recusar o convite para ser o vice da chapa governista, a outra opção é o ex-prefeito de Parnamirim, Agnelo Alves (PDT), pai de Carlos Eduardo. Agnelo estaria trabalhando seu nome longe dos holofotes, através de emissários responsáveis por sondar sua receptividade junto a Iberê e à governadora Wilma de Faria. Indagado sobre as articulações, ele diz que não participa deste “momento político” e que vai aguardar para decidir o que fazer em 2010. Iberê, pelo visto, vai precisar exercer como nunca a arte da paciência antes de resolver o quiprocó do vice. Aos que o julgam previamente abatido, cita as duas eleições da própria governadora Wilma de Faria, em 2002 e 2006, quando a líder do PSB também penou para encontrar um parceiro de chapa, desacreditada que estava nas duas ocasiões. Agora Iberê espera que a história se repita.

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