quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pediatras pedem descredenciamento

Depois da primeira advertência dos pediatras de todo o Brasil aos planos de saúde, alguns convênios já começam a sofrer os primeiros descredenciamentos de médicos no Rio Grande do Norte. Em assembleia realizada na noite da última terça-feira, 03, os pediatras do Estado decidiram deixar de atender os pacientes conveniados à Hapvida e ao Smile devido à inércia das negociações. O descredenciamento, entretanto, deve respeitar o aviso prévio de cada contrato, que varia entre 30 e 90 dias.Os pediatras pedem o aumento do valor da consulta pago pelos convênios de R$42 para R$80 e a cobrança da reconsulta realizada no período inferior a 30 dias. Por exemplo, se uma criança vai ao médico, faz os exames e volta para mostrar ao pediatra com menos de 30 dias, a consulta não é cobrada, pois é caracterizada como ‘consulta retorno’. Já quando o paciente procura atendimento mais de uma vez no mesmo mês por causa de patologias diferentes, os pediatras exigem a cobrança. Alguns planos, entretanto, se negam a aumentar o valor da consulta e caracterizar alguns tipos de atendimento como “reconsulta”, como querem os pediatras. Segundo a presidente da Sociedade de Pediatria do RN, Rosane Gomes, as cartas de pedido do descredenciamento começaram a ser encaminhadas ontem às empresas. “Nós decidimos sair dos convênios que não querem negociação. A Hapvida passou um ofício dizendo que não poderia atender as reivindicações e o Smile é um convênio que realmente não tem respeitado nosso trabalho e alguns pediatras passam três meses sem receber”, disse. Nas clínicas de pediatria, os pacientes mostraram insatisfação com a “disputa” entre médicos e planos de saúde devido à impossibilidade de permanecer sem convênio particular no Estado. “A saúde pública é um caos, nós não podemos nem pensar em deixar nossos filhos sem planos de saúde. Eles têm que entrar em um entendimento para que nós não sejamos os prejudicados já que pagamos a mensalidade do plano corretamente”, disse o comerciante Ricardo Bezerra. O vigilante Flamarion Freire se preocupou com a possibilidade de não haver acordo. “Eu já pago o plano de saúde, que não é barato, todos os meses. Aí se minha filha adoecer cinco vezes, eu terei que pagar quatro dessas consultas. Eles entrem num acordo, dêem um desconto, mas consertem isso”, disse. Outros já pensam em mudar de convênio caso não haja acordo. “Esses convênios estão um verdadeiro SUS pago. Nós já pagamos R$79 por mês e ainda pagar as consultas particulares será inviável”, disse a cabeleireira Elizabete Pereira.Os usuários concordam com a cobrança da nova consulta caso ela seja feita diretamente ao plano de saúde. Mas segundo Rosane Gomes, nos casos em que a autorização da consulta é feita online, a cobrança será feita ao paciente. “Nós vamos solicitar ao paciente que vai para a reconsulta que assine uma nova via de convênio para que possamos cobrar a consulta direto ao plano. Mas se for uma autorização online, como é em alguns convênios, nós vamos tentar passar na hora e, se o plano não autorizar, vamos ter que cobrar os R$80”.Na segunda-feira, haverá outra reunião com os pediatras para escolher os próximos convênios a serem descredenciados caso não haja negociações. “Nós queremos a consulta por R$80, mas estamos abertos a negociações”.Smile e Hapvida tentam negociaçãoO gerente de credenciamento do convênio Smile, Flávio Fernandes, informou que o plano já autoriza a consulta ao paciente que procurar o mesmo médico mais de uma vez no mesmo mês caso o motivo seja uma patologia diferente. “Nenhum plano pode se negar a autorizar isso, não tem limite de consultas se a patologia for outra”, disse. Segundo ele, como o credenciamento não é feito com a Sociedade de Pediatria e sim, particular com cada médico, eles estão aguardando que os pediatras credenciados procurem a empresa. “A Sociedade solicitou o aumento do valor da consulta, mas nenhum dos médicos credenciados nos procurou ainda. Além disso, nós temos um acordo com a Associação dos Médicos para pagar R$ 42 e a Associação é quem controla isso, está acima da Sociedade”, disse. A Hapvida informou que ainda não tem uma resposta oficial porque o plano ainda está fazendo uma negociação com a Sociedade de Pediatria.
Fonte:http://tribunadonorte.com.br/

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