segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O inimigo público invisível



Eles são minúsculos e culpados de provocar do mais simples resfriado às gripes, dengue e Aids e tantas outras doençasA notícia correu de boca em boca durante uma reunião na Associação de Moradores do São João do Tauape como um fato novo e surpreendente: estamos cercados por vírus! Não os que infectam os computadores (desses também estamos até a tampa), mas os que causam vários tipos de doenças. "Eu não sabia disso, achava que apenas a Aids fosse provocada por um vírus e que eles atacassem também os programas de informática", reconheceu a estudante, Célia Maria Pereira da Silva, de 21 anos de idade.O desconhecimento da jovem não é exceção. De acordo com pesquisadores e infectologistas, chega a impressionar tanta falta de informação com relação ao assunto. "Talvez causada pelo uso duplo da palavra que também serve para a informática. Essa confusão pegou como um vírus", brinca a professora de gramática, Regina Silveira.Para o infectologista Anastácio Queiroz, o termo virou banalidade, com consequências no dia a dia. Ele tem razão. Qualquer dor de cabeça ou febre é tratada com virose.Considerado o "inimigo público número um", o vírus nada mais é do que microrganismo intracelular obrigatório. Ninguém explica o "obrigatório", no entanto, é difícil entender porque essas criaturinhas, invisíveis a olho nu, são tão terríveis.Sozinhos, nem seres vivos são considerados pelos cientistas. O problema começa quando penetram na célula. Quando estão fora dela, não têm nenhuma atividade: não se movem, não se reproduzem, não se alimentam e nem respiram. Essa forma "catatônica" dos vírus é chamada de "vírion". Só entram em ação dentro do ser vivo.Por ser é minúsculo, só pode ser visto com o auxílio de microscópios potentes. Um dos organismos mais simples que existem, o vírus não passa de um pedaço de DNA coberto por uma casca de proteína. Ainda assim, pode matar um homem adulto em menos de dez dias.Após penetrarem em uma célula, eles liberam seu ácido nucleico (que é o seu genoma) no qual carregam todas as informações necessárias para sua sobrevivência e multiplicação rápida. "Assim, após a sua entrada na célula, ele assume o controle absoluto e passa a comandar sua reprodução, causando as doenças", explica Queiroz.A bióloga Jane Franciely Alves, ensina que as primeiras criaturinhas surgiram há cerca de três bilhões de anos, junto com as primeiras células vivas. "Elas assistiram ao nascimento das plantas, dos insetos e dos dinossauros. Sobreviveram a cataclismos e a extinções em massa. E, ao que tudo indica, sobreviverão também a nós, os únicos animais que inventaram maneiras de combatê-los", declara.Uma das formas de nos protegermos dos vírus é a prevenção. "Eu procuro fazer de tudo para evitar que minha família adoeça devido ao descaso", diz a dona de casa, Aparecida Nunes. Ela garante que não deixa a caixa-d´água sem cobertura e a garrafas com água parada. Sua atitude é elogiável. Infelizmente, não é comportamento de todos. Contra os vírus, reafirmam especialistas, a ação isolada do poder público não garante proteção.De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alex Mont´Alverne, um exemplo bem sucedido de parceria entre sociedade e Estado refere-se à epidemia de gripe Influenza A (H1N1), que atingiu diversos países este ano.A ação do Ministério da Saúde no Brasil, destaca, em parceria com as secretarias estaduais e municipais, aliada ao papel preventivo da sociedade, impediu que a doença trouxesse graves consequências para a população. "Nesse caso, como em outros exemplos, a sociedade venceu a doença", elogia.PERIGO À VISTAChuvas aumentam riscos de doençasEspecialistas da área de saúde estão em alerta: vem aí mais uma quadra invernosa no Ceará e, com ela, a incerteza de muitas enfermidades provocadas não só por vírus, como por bactérias, fungos e protozoários. A dengue é uma que preocupa e muito nesse período. Tanto que o Comitê Estadual de Prevenção e Controle da doença está acionado e preparando ações.Para a assessora técnica do Núcleo de Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Socorro Furtado, isso significa que, se não houver uma verdadeira operação de "guerra" para eliminar o mosquito do ambiente, pode acontecer novamente o cenário que o Estado, principalmente na Capital, viveu em 2008, quando 44.508 casos foram registrados, com 23 mortes pela doença, registrando a segunda maior epidemia de dengue no Estado.A enfermidade não é a única causada por vírus, outras como a Aids, voltam a chamar a atenção dos especialistas. Em recente matéria publicada pelo Diário do Nordeste, no dia 27 de novembro desse ano, apontou para o avanço da doença no Estado e, principalmente, em Fortaleza. "Apesar do trabalho de conscientização e de repetidas campanhas, a Capital não acompanhou a tendência brasileira e registrou aumento de 44,3% nos últimos dez anos. Os números fazem parte de um relatório divulgado, ontem, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids", denunciou a matéria.O Boletim Epidemiológico 2009, do Ministério da Saúde, também traz os resultados. São, em média, 350 novos casos da doença, em Fortaleza, por ano.O Ministério da Saúde estima que para cada pessoa contaminada existam outras quatro que são portadoras do vírus HIV, causador da doença, e não saibam. Por isso, além da proteção com o uso de preservativos na hora da relação sexual, se tiver dúvidas, o melhor é procurar o Centro de Testagem Anônima, no Jacarecanga ou os Centros de Especialidades Médicas José de Alencar, no Centro; do Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará; e do Gonzaguinha do José Walter, para fazer um teste rápido.O diagnóstico tardio pode aumentar as chances de morte por Aids. Com os medicamentos, é possível viver com o HIV.EntrevistaAnastácio Queiroz - aqsousa@gmail.comTodos os cuidados são pouco diante dos vírus, por isso, é melhor prevenirOs vírus não são nem animais, nem vegetais, nem bactérias, mas um reino estudado à parte. É certo falar assim dos vírus? Eles são parasitas?Os vírus não dependem de outro ser vivo para existirem, isto é, somente podem viver e se multiplicar dentro de uma célula. São micro-organismos de vida exclusiva intracelular. Isto os difere de bactérias, fungos e protozoários, que podem se multiplicar fora das células.Quais as principais doenças provocadas por vírus?Os vírus podem causar doença sistêmica ou doença localizada. Todos os órgãos podem ser acometidos por uma doença viral. Temos as encefalites virais, as meningites virais, as gastroenterites virais, as pneumonias virais, as faringites, as laringites virais etc. Às vezes não e fácil diferenciar uma doença viral de uma doença bacteriana. A doença viral sistêmica mais prevalecente atualmente no Brasil é o dengue e a doença viral mais recente é a gripe H1N1 ou gripe suína.Como as pessoas devem se proteger dos vírus que causam, por exemplo, a dengue, AIDS, Influenza A? O que aconselha?Cada doença tem uma maneira de ser transmitida. O dengue é pela picada do mosquito, então para prevenção somente eliminando o mosquito. A Aids transmite-se quase que exclusivamente por via sexual, assim, o sexo seguro, isto é, o sexo com o uso do preservativo é a medida mais adequada que todos devem adotar para se proteger. A influenza previne-se com vacina, mas como a doença se transmite através de secreções respiratórias pela tosse e mãos contaminadas, deve-se assim proteger a boca durante a tosse e sempre lavar as mãos.

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