terça-feira, 13 de outubro de 2009

Wilma desagrega base de Lula no RN

Uma tarefa altamente delicada aguarda estes dias o deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB, líder da agremiação em sua casa congressual e ultimamente um dos mais frequentes interlocutores do presidente Lula da Silva.
Os deputados federal João Maia e estadual Robinson Faria, presidentes, respectivamente, do PR e do PMN no Rio Grande do Norte, o último também principal mandatário da Assembléia Legislativa, querem que Henrique, o terceiro fundador da "Unidade Potiguar", mostre ao Presidente que atitudes tomadas recentemente pela governadora Wilma de Faria desagregam e ameaçam implodir a base de apoio à candidatura da ministra Dilma Roussef à presidência da República no Rio Grande do Norte.
A grande restrição se refere à imposição, por Wilma, do nome do vice-governador Iberê Ferreira de Souza como candidato "in pectoris" à sua sucessão no Palácio Potengí, em detrimento das aspirações dos dois parlamentares e também do ex-prefeito e ex-deputado estadual Carlos Eduardo Alves, alçado há poucos dias à presidência regional do PDT.
A intenção de propor a tarefa a Henrique Eduardo tomou corpo depois da conversa que Wilma manteve, na última terça-feira, com Robinson, quando lhe teria informado que Iberê é mesmo seu candidato e principalmente concedido prazo de vinte dias para que o parlamentar se adaptasse a esta realidade ou tomasse outro rumo.
Confiá-la a Henrique Eduardo é o encaminhamento natural em função do fracasso que a pressão exercida por Wilma impôs a uma estratégia que o parlamentar adotou há poucos meses. Quando sentiu que Robinson e João Maia se encaminhavam para a oposição, justamente por se irresginarem contra a preferência que Wilma demonstrava pelo Vice-governador, Henrique Eduardo os procurou e os persuadiu a agirem juntos, formando o pacto que dias depois receberia a denominação de "Unidade Potiguar".
Quais eram as intenções de Henrique Eduardo ainda constitui uma icógnita. Este colunista registrou, mais de uma vez, o fato de ele ter conversado com Wilma, sobre sua estratégia, antes de procurar os dois deputados. Estes saíram do encontro acreditando que haviam criado uma força capaz de levar a Governadora a rever o encaminhamento que vinha dando à escolha do candidato de seu sistema à sua sucessão. Para alguns críticos da cena política potiguar, Henrique Eduardo andou apenas "passando banha" nos dois interlocutores, numa missão a serviço de Wilma.
Como, porém, havia tomado a iniciativa de procurar manter unida a base local de apoio a Lula e nas últimas semanas protagonizou sucessivas demonstrações de respeito às posições de Robinson e de João Maia, tanto aqui quanto em Brasília, aos parece que Henrique Eduardo se avulta como o mensageiro capaz de fazer chegar ao Presidente um alerta e um pedido para apagar o fogo que pode queimar sua base no Estado.
Querem que Henrique Eduardo consiga de Lula uma palavra de ordem no sentido de persuadir Wilma a apoiar uma candidatura que aparente possuir mais robustez eleitoral do que a de Iberê. E que de imediato ela páre de tentar empurrar este nome goela abaixo entre seus aliados e correligionários, porque com isto só tem feito aumentar as chances eleitorais da senadora Rosalba Ciarlini (Dem), que lidera de longe todas as pesquisas sobre intenções de votos para a sucessão estadual em 2.010. Gostariam, também, de que Lula ouvisse esta conversa antes de se encontrar, como pretende, com o senador Garibaldi Alves Filho, primo e correligionário formal de Henrique Eduardo, para situar-se melhor antes de formular qualquer pergunta ao parlamentar. Afinal, Garibaldi Filho tem demonstrado que até poderia apoiar a candidatura da ministra Dilma Roussef à sucessão de Lula, como este almeja, mas opõe todo tipo de restrição a subir a um mesmo palanque com Wilma.
O Deputado também pode fazer uma ilação acerca do estilo, mostrando, como sugerem interlocutores comuns a ele e a João Maia e Robinson Faria, que recrudesceu recentemente em Wilma o estilo autoritário do falecido governador Tarcísio Maia, o político da geração imediatamente anterior à sua com quem ela mais aprendeu.
Alçado à chefia do executivo estadual pelos militares que dominavam o país desde 1.964, em 1.978 Tarcísio obteve sucesso ao pilotar uma imposição semelhante à que Wilma esboça agora. O fato de o beneficiário, a propósito, ter sido o atual deputado estadual Lavoisier Maia (PSB), na época marido de Wilma, robustece a tese de que o autoritarismo se impregnou na Governadora quando agia em círculos dominados por filhotes da ditadura. A diferença entre as situações está no fato de que Tarcísio prescindia de força eleitoral, pois seu poder emanava da farda. Por isto ele conseguiu impingir o candidato que ungiu, subordinando todos os aliados ao seu projeto. Como os tempos mudaram, seria necessária uma ação mais política para que a escolha do candidato não esfacelasse o sistema político que orbita em torno da Governadora.
A soma desses argumentos permitiria a Henrique Eduardo não apenas a oferecer a Lula um piso firme para decidir sobre a política no Rio Grande do Norte, ,mas principalmente, convencer-se de que ele próprio precisa reconsiderar a aproximação que tem promovido em relação a Wilma. Afinal, ela ensejou a geração de empregos para alguns amigos de Henrique Eduardo, mas atraiu muito desagrado entre seus correligionários. liderados e aliados, tanto na capital como no interior do Rio Grande do Norte. Interlocutores de Henrique Eduardo dizem que esta mudança não é impossivel, a despeito de todo o fisiologismo que ele destila quando se trata de sua aproximação com Wilma. Ele teria contrariado a Governadora em várias situações desde que fundou a "Unidade Potiguar", ente que ela considerou uma tentativa de emparedá-la. Quando Wilma ameaçou afastar o PP de Robinson e a relatoria do projeto de regulamentação do Pré-sal de João Maia, Henrique Eduardo reforçou extraordinariamente o cacife político dos dois, em Brasília, irritando a Governadora. (Transcrito da coluna "Roberto Guedes" do "Jornal De Fato" deste domingo, 11).
Fonte:http://www.nominuto.com/blog/roberto-guedes/

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