sexta-feira, 16 de abril de 2010

Wilma ameaça implodir acordo

A governadora Wilma de Faria começou nesta quinta-feira, 15, ontem, a bombardear o acordo que os presidentes regionais do PMDB, PR e PV, deputados federais João Maia e Henrique Eduardo Alves e prefeita Micarla de Souza, celebraram há poucos dias.

"Ele é incompreensivel", disse, durante encontro para almoço com alguns jornalistas amigos. "O PR e PMDB queriam fortalecer a candidatura de Iberê, mas não foi isso que ocorreu", avançou, referindo-se à tenativa, em curso, de reeleição do novo governador Iberê Ferreira de Souza, que se submete a tratamento contra câncer em São Paulo.

Wilma ainda lembrou que pode candidatar o contabilista Wagner Araújo a deputado federal pelo PSB, aplicando-lhe um grande potencial para deseleger Henrique Eduardo e João Maia.

Este é o primeiro combate desfechado publicamente contra o entendimento, que em Natal tem sido mencionado apenas como tentativa, quase desesperada, diga-se de passagem, de assegurar a reeleição de Henrique Eduardo. isto mesmo: por incrível que pareça, o grande herdeiro eleitoral do maior líder político que o Rio Grande do Norte já conheceu, chegou a este grau de necessidade, poucos anos depois de o aluizismo eleger dois deputados federais simultaneamente.

É possivel que Wilma esteja advogando em causa própria, pois, a despeito de várias declarações reafirmando sua candidatura ao Senado, ela ainda não convenceu de que não está num pé e noutro para desembarcar na chapa proporcional do bloco situacionista. Sua auto-defesa pode também cingir-se ao projeto que proclama, pois o entendimento tem sido visto também como fortalecimento da candidatura de alguém que nunca assumiu qualquer compromisso com o bloco situacionista. Pouco depois de fechar o acordo, por exemplo, João Maia, um dos políticos mais próximos a Iberê, declarou que seu primeiro voto para Senador contempla a reeleição do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), hoje mais do que nunca hostil a Wilma. João não cuidou sequer de conceder a ela sua segunda opção.

Mas a reação de Wilma é também uma defesa de outros aliados dela e de Iberê que tendem a ser prejudicados pelo acordo. É o caso das deputadas federais Fátima Bezerra (PT) e Sandra Rosado (PSB), que, lembrando uma imagem muito usada por seu pai, o saudoso deputado Vingt Rosado, deve estar de braços completamente abertos para que os outros não a engulam.

A iniciativa de Wilma se soma a uma preocupação que há dias foi suscitada em Natal: apesar de firmado por Micarla, o acordo não voga, porque não recebeu a chancela do marido dela, o jornalista e radialista Miguel Weber, que é candidato a deputado, ora federal, ora estadual, pelo PV. Muitos dias antes de Micarla tomar o café da manhã em que bateu o martelo com João Maia e Henrique, Miguel Weber condenou o entendimento sob o argumento de que transformaria o PV em mera "esteira" para facilitar a reeleição dos dois deputados. Na época, a propósito, ele mencionou o radialista e jornalista Paulo Wagner, areia branquense com larga vivência em Mossoró que em 2.008 se tornou o mais votado vereador de Natal, como o candidato do PV à Câmara Federal, dizendo que o convênio interpartidário vampirizaria a candidatura do edil.

Para observadores da cena política potiguar, a reação de Wilma era questão de horas e deve ser seguida por um pronunciamento de Miguel Weber e líderes do PT que não querem ver terceiros ampliares as dificuldades que sua legenda já enfrenta nas eleições deste ano. Segundo alguns expoentes do PT, a complexidade criada pelas amarrações de coligações é tamanha que o partido está numa gangorra: se se associar a um grupo partidário capaz de reforçar o cacife eleitoral de Fátima prejudicará a reeleição do deputado estadual Fernando Mineiro.

Todas as fragilidades que se manifestam a partir do acordo tripartidário levam políticos veteranos à conclusão de que ele tem dias contados. Seria uma "bola de sabão", como definiu um. Ou a re-edição da "Unidade Potiguar", aquela coligação que os mesmos Henrique Eduardo e João Maia firmaram em meados do ano passado com o deputado estadual Robinson Faria, presidente da Assembléia Legislativa e do diretório regional do PMN. De tão tangível, o acordo se volatizou rapidamente, expultando Robinson da órbita de Wilma e Iberê e o transformando no candidato a vice-governador na chapa a ser encabeçada pela senadora Rosalba Ciarlini (Dem).
Fonte:http://www.nominuto.com/blog/roberto-guedes/

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