segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Imprensa é para incomodar o poder constituído

Por “Equipe Agripino”
Corruptos pegos em irregularidades, políticos em contradição explícita, ideólogos que mudam de ideia sem justificativas convincentes, integrantes de partidos que abandonaram seus ideais, todos já têm, na ponta da língua, uma resposta para seus supostos pecados, grandes ou pequenos: culpam a mídia.
Na tentativa de nos iludir por meio do reducionismo explicativo, os meios de comunicação, agora, são os responsáveis por tudo o que ocorre. Como se a imprensa nos apresentasse penas uma peça de ficção sobre os fenômenos da política brasileira.
Curioso é que quando a imprensa fazia denúncias de escândalos na era FHC e foi fundamental para o impeachment do ex-presidente Collor, não recebia as críticas que sofre hoje. Os mesmos que liam com empolgação as reportagens da revista Veja, em 1992, sobre os esquemas de PC Farias, atacam a publicação como sub-representante de um suposto “PIG”.
O trabalho jornalístico vive de furos e vigiando os poderosos. O cotidiano de um bom repórter é procurar erros, falhas, negociatas, irregularidades. Imprensa que não incomoda os mandatários de plantão é submissa. Em uma democracia consolidada e nos tempos de internet e rapidez das mensagens, um dono de jornal que não deixa uma matéria devastadora a alguma personalidade política ser publicada verá o mesmo conteúdo sair em um concorrente, que irá vender mais. Por isso, os patrões costumam publicar as informações, mesmo que sejam contra seus interesses pessoais.
Obviamente, a imprensa erra e comete abusos, mas é um efeito colateral em relação aos ganhos com a transparência do poder constituído. Hoje, há tanta informação que é possível, comprar em bancas, revistas pró-governo que questionam os métodos de outros órgãos. Temos argumentos e contra-argumentos para tomarmos uma decisão.
O problema é quando tentam negar fatos relatados e, muitas vezes, à vista de todos. O pragmatismo selvagem dos tempos atuais permite aos governistas de plantão abafar os próprios erros com uma estratégia: dizer que o que fizeram não ocorreu e culpar quem divulgou. É o império do cinismo.
(Equipe Agripino)www.twitter.com/joseagripino

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