segunda-feira, 22 de março de 2010

Iberê ficará muito tempo longe de campanha

Não me surpreendi nem um pouco com a informação fornecida na manhã desta segunda-feira, 22, pelo boletim médico do hospital paulista que definiu como maligno o nódulo extraído na semana passada de um dos pulmões do vice-governador Iberê Ferreira. Não vou longe como o portal "Folha do Mato Grande", que já nesta manhã assegurou que Iberê desistiu de disputar a sucessão da governadora Wilma de Faria, mas desde sexta-feira passada encontrava nas informações divulgadas sobre o estadual de saúde do vice-governador muitos furos que balizavam para uma situação muito mais grave do que procuravam sugerir os geradores das notícias.

Faço parte de um grupo que prevê para breve a posse do desembargador Rafael Godeiro na cadeira de governador, porque ao terceiro nome da sucessão no cargo, o deputado estadual Robinson Faria, presidente regional do PMN, pode não interessar assumi-lo agora e assim impedir-se de ser candidato a vice-governador na chapa encabeçada pela senadora Rosalba Ciarlini (Dem).

É que fizeram demais para dourar a pílula, impondo-nos a necessidade profissional da desconfiança e do questionamento.

Para começo de conversa, não foi em São Paulo e durante um checape que lhe localizaram o nódulo. Quem examinar a agenda que Iberê seguida poucos dias antes constata que ele não havia agendado nenhum conjunto de exames na capital paulista. O nódulo havia sido descoberto em Natal em meados da segunda semana desde mês e Iberê fez questão de informar a governadora Wilma de Faria a respeito assim que teve certeza do que lhe ocorria e da necessidade, aí, sim, de viajar a São Paulo para submeter-se a exames mais direcionados e mais rigorosos.

O telefonema em que ele transmitiu a notícia, na quinta-feira 12, aliás, pode estar na raiz do pico hipertensivo que Wilma sofreu em Mossoró, obrigando-se a se internar às pressas num hospital local. Uma visita inesperada até então a alguns dos mais renomados especialistas brasileiros passou a ser divulgada aqui como um "checape". Foram distribuindo a informação em doses homeopáticas por diversos motivos. Diluir o impacto, minimizar o significado e o estrago que a constatação de um câncer provocaria nos planos de Iberê e, principalmente, a letalidade deste diagnóstico para a candidatura de Wilma a Senador.

Muito antes de as fontes oficiais dizerem que o resultado da biópsia sairia nesta segunda-feira, parentes de Iberê em Natal admitiam, reservadamente, que a gravidade de sua situação era muito maior do que mostravam os meios potiguares de comunicação. Um deles admitiu que talvez os médicos nem lhe deixassem vir tomar posse no último dia deste mês, porque vôos a esta altura podem prejudicá-lo muito. Diante de pressões políticas, teriam concordado em que viesse tomar posse mas logo em seguida retornasse a São Paulo porque ali o aguarda um tratamento rigorosíssimo. Hoje dizem que ele pode enfrentar a quimioterapia e a radioterapia em Natal, mas não mais sob os cuidados da equipe paulista que o tem assistido.

A sucessão de condutas que forçaram o observador à conclusão de que o quadro clínico era mais grave foi salientada na última sexta-feira quando disseram aqui em Natal que, em decorrência da biópsia, Iberê precisaria se submeter a fisioterapia. Conversei com alguns amigos que extraíram nódulos do pulmão e nenhum deles necessitou deste tipo de terapia. A tese deles é a de que em lugar de fazer biópsia, os cirurgiões paulistas haviam feito mesmo era uma grande cirurgia para extirpar um corpo maligno no pulmão de Iberê. Esta tese reforçaria a que o nódulo havia sido identificado em Natal e ao desembarcar em São Paulo Iberê lutaria era com a dimensão do problema, suas possibilidades de vencer a guerra contra o câncer e até que ponto este seria fatal para sua candidatura a governador.
Fonte: http://www.nominuto.com/blog/roberto-guedes/

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