Artigo de Roda Viva, no Novo Jornal
O princípio da publicidade é constitucional, indispensável para o pleno exercício da democracia. Praticar a publicidade do seus atos é dever – obrigação – de todos os Governos.
Mas, é preciso entender uma sutil diferença entre Publicidade e Propaganda. Uma tênue distância semântica e abissal fronteira nos propósitos de cada uma.
Publicidade tem origem latina – publicum – que significa tornar conhecida, vulgarizar uma informação. Publicidade é tornar públicos os atos dos governos, sem qualificar ou buscar influenciar o público com tentar qualquer tipo de indução.
Um bom exemplo de publicidade é o edital, publicado esta semana, pela Secretaria de Recursos Hídricos informando da realização – dia 20 de abril – de uma concorrência pública para a execução das obras de construção da Adutora Santa Cruz de Apodi/Mossoró.
Graças a essa publicidade, a sociedade fica tranqüilaza de que todos os interessados poderão participar do evento, reduzindo as possibilidades de favorecimento entre os eventuais concorrentes.
Propaganda é outra coisa. Sua origem também latina – o verbo propagare – tinha, até o Século XVI, apenas o significado de plantar. Plantar uma idéia na mente da massa. Como a publicidade, a propaganda – qualquer propaganda – deve ser verdadeira e informar com precisão e clareza a natureza da mensagem que está sendo veiculada.
Um princípio que deve valer para qualquer anunciante. Mais ainda quando esse anunciante é o Governo.
Infelizmente, na sua melancólica despedida, o Governo Wilma de Faria não está tendo esses cuidados mínimos. Um exemplo de como a propaganda pode divergir da publicidade é exatamente a obra da Adutora Santa Cruz de Apodi/Mossoró, aquela que ainda vai ser licitada dia 20 de abril.
Na massiva propaganda governamental que está sendo veiculada na televisão (numa freqüência sem precedente), a obra que ainda nem foi licitada – e, por conseqüência, nem contratada – aparece como estando perto de ser concluída. Um texto dúbio e as fortes imagens de computação gráfica vendem uma obra em plena execução, como se estivesse próxima a conclusão, em razão do efeito visual e do ritmo com que o texto impreciso está sendo apresentado.
Conclusão: muitas vezes o exercício do princípio da publicidade serve até para desmascarar propaganda enganosa.
Fonte:http://www.lauritaarruda.com.br/
sábado, 20 de março de 2010
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